entre lianas troncos fortes sons à volta, pouco vejo mais que, desta clareira entre árvores, o céu. assim é que está certo: escondida até de deus!

sexta-feira, abril 22, 2005

aos 25 anos



in


carreguei sobre os ombros

um mundo maior do que eu sabia

dos livros todos de geografia



de tão vergada não viam os meus olhos

mais que o chão. até esqueci a Terra

é esta a hora de a voltar a saudar!

quarta-feira, abril 20, 2005

pastor pobre - pastor rico

naquela colina
havia um pastor
tinha lido uns livros
de Nosso Senhor
livros que contavam
como um Cristo
pobre
tocara leprosos
prostitutas novas
pescadores sem fé
olhara as mulheres
com respeito nobre
partindo depois

- façam em Meu nome!

o homem pensava:
alastram doenças
a guerra não para
homossexuais
são lepra de agora?
os preservativos
eram ante-cura
da sida maldita
da peste da hora
e o papa, o Pai
a pedra angular
da igreja criada
por Nosso Senhor
proíbe castiga
bem pouco perdoa...

pensava pensou
até chegar a hora
em que o encontraram
ainda a pensar
já estava com Cristo
no seu Santo altar.

-Bendito o que pensa
em mais do que em si.
Se tiveres dúvidas
perde-as aqui.

quinta-feira, abril 14, 2005

crime

image.guardian.co.uk



comi mochos quando era criança

é natural que me olhem de lado

ao ver-me aqui em espaço que é o seu.


"eu não queria. juro! era obrigada!"


quis agradecer. que má lembrança!

num gesto sem perdão e sem vingança

a bela ave voou, desapareceu.


"era para o apetite... a minha avó dizia..."


ao longe um piar agudo respondeu

e fiquei só com a minha agonia

já era de manhã ainda chorava eu.

quinta-feira, abril 07, 2005

canção do vento





wind peace



sou vento sou vento


ninguém me retrai

levo em rodopio

aquilo que cai

sou vento sou vento

tenho forte voz

as águas dos rios

quebro-as na foz

sou vento sou vento

não canso só corro

às vezes escondido

parece que morro

sou vento sou vento

bom filho do ar

tudo o que semeio

acaba a criar

sou vento sou vento

voo e limpo a terra

só falho o intento

de varrer a guerra

sou vento sou vento

que move marés

não vejo uma arma

cair aos meus pés

sou vento sou vento

e os homens da guerra

não sou eu que invento

vão matar a Terra.

quarta-feira, abril 06, 2005

até em deus...


in

desde o fundo do vale através da floresta subir é tarefa impossível

ou parece

que quando se sobe, o ser em nós sobe também respira flores brancas

como o sal sabedoria

e já todo o cansaço se tranforma numa força invisível que até no céu

e em deus confia.

segunda-feira, abril 04, 2005


musgo amarelo - Maurício Simonetti - fotoforma



mudei

tranfigurei-me

já fui verde

verde-musgo macio

hoje

forrei-me de outro

musgo amarelo

mais a convir

com trepadores

e frio.






bebo a água mais fresca e depurada

e à flor que ma oferece, agradeço

não lhe dizendo da outra água

que em muitos voos vejo - envenenada.

sexta-feira, abril 01, 2005


polar hug Photo By



para matar o sofrer na humanidade

tantas vezes bastava um só abraço.

farta de culpas e de queixas vãs

estendo os braços e não digo, faço.


in

abril, chega o degelo

está escuro ainda aqui

onde o sol entra breve

e pouco se demora

tenho um bom alibi

não são lágrimas

nesta mágica hora

são gotas que caem leve

vindas da cascata

sobre o meu rosto

sempre frontal

e sempre exposto

como o de um animal

olhando as crias

sem sair do seu posto.