entre lianas troncos fortes sons à volta, pouco vejo mais que, desta clareira entre árvores, o céu. assim é que está certo: escondida até de deus!

quinta-feira, março 31, 2005

eco vazio

at akrepublicans.org


subi. subi o tempo todo até o topo quase


soltei o sonho e ele não voltou

falo alto recebo do eco a frase.


será mais pobre aquele que sonhou?

quarta-feira, março 30, 2005


Danheller

terra
mãe de tudo o que nasce verdadeiro
encontrei-o eu
mas foste ainda tu quem o viu nascer
crescer
e possessiva: quem o levou primeiro
aquele meu único poema a sangue feito
sem palavra
escrita ou dita por inexistente ser

aquele meu amor!

terça-feira, março 29, 2005

at ukonline.co.uk



inverso da pureza:

escondo-me de Deus

que assim o ensinaram:

os doentes!

segunda-feira, março 28, 2005




by karri

ressuscitou?

não sei. não vi como Tomé não viu.

sei que despertei e era manhã

mais luminosa que outra que já visse


manhã primordial!


ressuscitou?

vamos dizer que sim, porque era bom

corajoso amante do natural

da verdade do belo

da paz e das mulheres

como dos homens e dos animais.

ressuscitou?


claro que sim.

que lugar tinha na terra um homem como ele?

quarta-feira, março 23, 2005

as predadoras

at .wikimedia


sei um ninho mas não digo onde está

também eu tinha um. cansada adormecida

nem vi como chegaram junto a ele

as aves predadoras mais gordas tentadoras


deram às crias mais do que eu podia

e levaram do ninho o meu tesouro.

nesta páscoa não quero saber de ovos

nem que eles sejam de maciço ouro.

terça-feira, março 22, 2005




em


e quando o dia vai a meio

canso

tenho memórias de origens

no ar

urge um nenúfar fresco

manso

para bem junto à água

descansar


mas há aquela orquídea

subo

não poiso bebo sôfrega

de novo

parto para outro rumo

e mel cai

do meu canto leve leve

de semente

nasci para fertilizar?




segunda-feira, março 21, 2005

é primavera


in

meu único poema: "sabe melhor o beijo desta flor. "


será esta a verdadeira festa universal do amor

ou só o hino que a natureza entorna em meu redor?


in

lembrei-me de ti pai e atravessei a ponte
sem saber que me aguarda ou se caio ao passar
nem quem a fez ou a pisou primeiro
atravessei. só isso. tu sabes não podia ficar
neutra, no caminho onde se esconde
tanta vã glória tanta impunidade
pai, faltava-me o ar!

sexta-feira, março 18, 2005




in

na gruta onde me acoito estou segura


mais fortes animais cá descansaram

o medo antes de mim.

quinta-feira, março 17, 2005








deitada no chão nua de passado

olho para cima e chego a entender

por um longo instante

que se acredite em deus.


Yasumasa Hayashi

e à noite quando tento dormir e sei os predadores

à solta em meu redor

é que o amarelo das flores serve de vela acesa

e me alumia

fecho os olhos e então descanso as leves asas

até nascer o dia

quarta-feira, março 16, 2005

eu rio

greywolf.critter.net



quero ser rio

rio da minha própria floresta

rio de mim


separar o emaranhado de ramos

que no topo encobriam já o sol


quero ser rio

a separar amores de desamores


rio de regar fertilizar

não de deixar nas margens rastos

do lixo de cidades interiores


eu não sou da cidade

nunca fui nem serei


tantos mal entendidos a matar o amor!



não tenho tempo tenho de correr

tenho mesmo de ser rio

de águas fortes o rio de sempre

o rio que suportou tantos degelos

tantas secas infindáveis e duras


quero ser rio


afinal quero mesmo só

voltar a ser.

terça-feira, março 15, 2005

abraço-me



esquecida de mim
abraço o inferno
não tenho caminho
não tenho morada
nem país nem paz


nada apenas nada


abraço o inferno
tão bem conhecido
ponho água do mar
nas feridas abertas

é deus que não quer

dar-me as horas certas
ri-se às gargalhadas
relógio na mão
"compra um!" diz ele


e mal por mal eu:
abraço o inferno
que já era meu.

do alto vejo tudo estiquei-me a infinito
busco com o olhar de mãe o que perdi
está lá longe dentro de troncos ocos
de pérfidas árvores parasitas de mim

um dia cairei abatida por madeireiros
avaros de troncos como o meu, exóticos
e acabarei na sala absurda de alguém
oca eu então que vivi contra a maré

na ânsia única de vos deixar o mundo
melhor do que me deram ao plantar-me
em terra menos fértil mas que alguém
com mãos de paz sachou estrumou regou.



segunda-feira, março 14, 2005


no recomeço rasgo-me até à alma para encontrar terras e flores

primitivas.
Afrodite - Luigi Galligani

lembro ainda uma palavra

tinha a côr que me cerca

era a palavra toda verde que me deram

há muito tempo já


verde verde era o amor

sinestesias...

não as posso evitar.

ah, para quê evitar o que era só manhã

ensolarada?

sexta-feira, março 11, 2005

olho à volta encontro o que faltava
o branco que ninguém imaginou




queria ser a pedra que o contempla
de lá do tempo da sua eternidade.

enfim achei o sítio que me serve


estou tão cansada.

dispo a minha história.

só quero beber água e não ouvir ninguém
.


Nude in a Forest Landscape